A Ética é a essência formal da Moral que por sua vez está
subordinada a preocupações metafísicas ou seculares, de modo geral a essas duas
bases. Isso é evidente na vida comum, a mistura dessas duas diretrizes. Uma
pessoa normal sente que precisa equilibrar convicções, ainda que
intuitivamente.
Ao longo da História a sociedade humana, gregária ou não,
submeteu-se a líderes moralistas a partir do momento em que percebeu desde a
necessidade de crenças comuns a padrões morais, preceitos, restrições para
sobreviver, com muitos detalhes e sacralizando rituais, oferendas, castigos,
prêmios e muito mais. Fortalecidos pelo medo a tudo o que não entendiam ou
simplesmente na admiração de cenários tão lindos que a inspiravam a crer em
Deus as seitas[1]
e as religiões aconteceram
Podemos imaginar a sensação de qualquer troglodita[2]
no limiar da inteligência olhando o firmamento em noites limpas, o mar
infinito, plantas e animais de que podia se aproximar. Esses seres humanos
tinham habilidades sensoriais aguçadas, como enxergavam a Natureza?
O “homo sapiens sapiens” transformou-se, evoluiu. De
predador e coletor virou sedentário, agricultor, construtor ou simplesmente
burocrata passivo. Organizado em comunidades gerou teorias e práticas
religiosas, políticas, profissionais, de vida, lazer, trabalho...
De forma oportunista muitas crenças se estruturaram de antropomorficamente
[ (www.carm.org) , (Antropomorfismo) atribuindo a divindades e similares
qualidades humanas], ou simplesmente assim porque não havia como exigir maiores
abstrações. Essa é uma condição onipresente na sociedade atual onde a maioria
das pessoas não tem tempo, não pode ou não quer pensar e estudar.
É infinitamente mais simples racionalizar a gosto de nossos
medos e instintos, assim livramo-nos de dúvidas que incomodam e sem essa carga intelectual
e cuidar melhor de nossos desejos mais agradáveis ou essenciais à nossa
sobrevivência material.
É surpreendente, paradoxal ver de que forma as pessoas
aceitam tacitamente “filosofias” e seus efeitos tão rapidamente, mesmo quando
diferem drasticamente de décadas de crenças aparentemente consolidadas em suas maneiras
de entender a vida desde a infância. Ao aceitarem o ingresso em alguma
sociedade com base filosófica alternativa renegam parte ou tudo o que diziam
acreditar sem ao menos estudar direito o que o novo ambiente propõe. Ou seja,
ou o ser humano é incrivelmente volúvel e superficial ou nesses ambientes terá
descoberto por milagre uma coleção de “revelações” revolucionárias que aceitou
com entusiasmo.
Povos inteiros mudaram de religião por vontade de reis e
guerreiros poderosos, será que a Humanidade agora é melhor, mais inteligente e
capaz de sustentar fé e convicções sem modismos e imposições?
Ou continuamos simplesmente pragmáticos, aderindo ao que nos
der vantagens sociais, políticas, materiais?
Surpreendentemente estamos, além disso, sob o império da
mídia, do marketing, em muitos lugares subjugados pela força, simplesmente (Princesa) escravos e
revoltados. A intolerância é algo assustador; a sutileza da manipulação dos
meios de comunicação, contudo, infinitamente mais perigosa se aprofundarmos
análises dos piores exemplos de violência cultural do século 20 (quando a
grande imprensa, cinema, rádio, televisão, gráficas, tecnologias de massa se
consolidaram) e agora, tempos de fanatismos religiosos impressionantes, quando
a comunicação atingiu um nível de capilaridade e organização dominantes (assim
como o rastreamento, a vigilância, a perda de intimidade).
O racismo e sentimentos tribais fortíssimos ainda existentes
em todos os continentes, mas surpreendentemente na Europa e Ásia, por exemplo
(nos EUA nunca deixou de existir (Magnoli) ), são assustadores.
Inacreditavelmente mesmo após todo o sofrimento causado pela Segunda Guerra
Mundial conflitos bélicos e o ódio tribal é fortíssimo. Vimos isso nitidamente
em diversas ocasiões a partir de pessoas que nos pareciam evoluídas. O que
aconteceu na Iugoslávia (Nogueira) é antológico,
terrivelmente sintomático de nossas limitações intelectuais e comportamentais,
por quê?
Essa é a realidade.
Ela existe entre nós, dentro de nossos cérebros talvez por
efeito de arquivos genéticos.
O caminho para a libertação humana passa pela tolerância, fraternidade,
liberdade
A importância da separação do Estado de dominações
religiosas é fundamental, quando possível; a defesa do Estado laico é essencial
à liberdade de pensamento e opinião, assim como poder-se adotar padrões éticos
que acreditamos.
O destaque do século 21 será a ampliação exponencial dos
recursos tecnológicos para comunicação, processamento de dados, utilização de
processos computacionais de análise e assim a ampliação da vida inteligente, em
todos os sentidos, ou simples e maldosa dominação do ser humano. O
aproveitamento desse paraíso técnico será também proporcional ao descolamento
de atavismos. Inovações mexem fundo nos preconceitos. Devemos “preparar” nossas
crenças para o futuro, principalmente os jovens que terão a oportunidade de
viver neste cenário se nenhum cataclismo universal interromper esse
desenvolvimento.
É sempre importante lembrar que os cataclismos[3]
são efeitos rotineiros em nosso planeta, e de modo algum raros, tanto aqueles
causados pelas nossas eternas guerras quanto pelo mau humor do Universo (Cataclismos -
visões e histórias) .
No século 21 a novidade é a poluição crescente causada por
tempos que ignoravam as limitações da Terra.
O tema agora que exige reflexões e ações urgentes, de curto, médio e
longo prazo é a Sustentabilidade[4].
O fundamental para enfrentar essas situações é estarmos
preparados para sobreviver. Fragilidades pessoais e familiares serão fatais. A
história da Humanidade é o relato de cenários para os descendentes daqueles que
enfrentaram tudo e venceram: nós.
Vale pensar: que moral e padrão ético devemos criar,
aprimorar, transmitir, educar?
Vamos simplesmente deixar acontecer?
O que até em filmes de ficção podemos ver é o ressurgimento
de batalhões de pessoas ferozes com armas futuristas ou prosaicas espadas
cheias de luzes e raios. Com certeza a criatividade artística viabiliza
fortunas. O mundo após grandes catástrofes, principalmente se lembrarmos
questões de logística e saber fazer será duríssimo para os sobreviventes.
Como preparar a humanidade para continuar existindo até que
a vida sobre este planetinha for impossível apesar de nossos esforços?
João Carlos Cascaes
Curitiba, 02 de setembro de 2016
Antropomorfismo. s.d. 21 de 8 de 2016.
<http://www.dicionarioinformal.com.br/antropomorfismo/>.
Cataclismos - visões e histórias. s.d.
<http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/2014/01/cataclismos-visoes-e-historias.html>.
Magnoli, ´Demétrio. Uma Gota de Sangue - História
do Pensamento Racial. Editora Contexto, s.d.
Nogueira, João Pontes. A GUERRA DO KOSOVO E A
DESINTEGRAÇÃO DA IUGOSLÁVIA: Notas sobre a (re)construção do Estado no fim do
milênio. s.d. <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v15n44/4152.pdf>.
Sasson, Jean P. Princesa. s.d.
<http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2011/04/princesa.html>.
www.carm.org. Antropomorfismo: Deus se relaciona
conosco em termos humanos. s.d. 21 de 8 de 2016.
<http://www.monergismo.com/textos/presciencia/antropomorfismo.htm>.
[1]
Wikipédia em 02 de setembro de 2016 - Seita (latim secta =
"secionar", "dividir", "sectar) de forma geral é um
conceito complexo utilizado para grupos que professem doutrina, ideologia,
sistema filosófico ou político divergentes da correspondente doutrina ou sistema
dominantes.
Segundo Peter
L. Berger, seita seria a organização de um grupo contra um meio que
consideram hostil ou descrente,[1]. O grupo
então se fecha em um corpo de doutrinas e vê o restante da sociedade como
inerentemente má ou pecadora, passível da ira divina, que inevitavelmente
sobrevirá sobre eles. As seitas de orientação cristã usam as noções de pecado e
santificação como forma de dar legitimidade discursiva aos neófitos e manter os
que já são seguidores. A saída do grupo pode acarretar diversos efeitos
psicossociais em decorrência do sentimento de solidão, de autoculpabilização e
da hostilidade advinda do grupo que se está deixando. Sair de uma seita nunca é
fácil porque ela exerce controle sobre toda a vida individual e coletiva dos
indivíduos. As seitas, assim como as religiões instituídas, são agências
reguladoras do pensamento e da ação, mas com a diferença de que na seita a
regulação tende a ser mais totalizante, devido ao rígido controle que exercem
sobre os sujeitos.
Embora o termo seja frequentemente usado apenas às
organizações religiosas ou políticas,
estende-se também à adesão a grupos militantes minoritários em tensão com a
sociedade ampla.
[2] Troglodita é
um nome masculino que designa um homem, uma colectividade ou animais que
habitam uma caverna ou uma habitação cavada numa rocha ou que se apoia sobre
falhas ou grutas naturais nas falésias. A origem deste nome remonta ao Antigo
Egipto onde havia o povo dos Trogloditas, que vivia instalado em rochedos
próximo do Mar Vermelho. Wikipédia
[3] Cataclismo (grafado ocasionalmente
como cataclisma) (do grego κατακλυσμός -
kataklusmós, água, inundar, fazer desaparecer por inundação)
é uma tragédia ambiental de caráter generalizado, como o Grande
Terremoto do Leste do Japão ocorrido
em março de 2011. São desastres repentinos, praticamente imprevisíveis e de impossivel
prevenção, sendo a única maneira de salvar vidas a evacuação do local. Também
tem como característica um alto número de fatalidades e grande prejuízo
econômico para o local, sendo necessário anos, décadas em certos casos, para a
recuperação total das estruturas locais. Wikipédia
[4]
Wikipédia em 1 de setembro de 2016 - Sustentabilidade é uma
característica ou condição de um processo ou
de um sistema que
permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.[1] Ultimamente,
este conceito tornou-se um princípio segundo
o qual o uso dosrecursos naturais para a satisfação de necessidades presentes
não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Este
novo princípio foi ampliado para a expressão "sustentabilidade no longo
prazo", um "longo prazo" de termo indefinido.[2]
A sustentabilidade também pode ser definida como a
capacidade de o ser humano interagir com o mundo, preservando omeio
ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações
futuras. O conceito de sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto
de variáveis interdependentes, mas podemos
dizer que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais. • Questão
social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a
natureza. E do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do
meio ambiente. • Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve.
E se a economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se
deterioram. • Questão ambiental: com o meio
ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a
economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável.
O princípio da sustentabilidade aplica-se a desde um
único empreendimento, passando por uma pequena comunidade (a
exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro.
Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que
ele seja:
·
Ecologicamente correto
·
Economicamente viável
·
Socialmente justo
·
Culturalmente diverso
Comentários
Postar um comentário